Bolsonaro precisa de mais 769 mil votos em MG para virar sobre Lula no Estado
Já o candidato do PT tem de somar mais 205 mil votos em relação ao primeiro turno para sair vitorioso em solo mineiro
Para alcançar a vitória em Minas Gerais neste segundo turno das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) precisa ter ao menos 6.008.317 votos no Estado. Para isso, ele terá de manter todos os votos conquistados no início do mês (5.239.264) e somar ainda outros 769.053. De acordo com um levantamento feito por O TEMPO com base nos resultados do primeiro turno, Bolsonaro terá, então, de atrair quase 80% dos votos da terceira via no Estado.
No primeiro turno, com exceção de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do atual presidente, os demais candidatos, como Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), entre outros, somaram 974.798 votos, o que representa 8,11% do eleitorado mineiro. Este número é o ponto de partida desta reportagem para a disputa entre os dois, ou seja, a "herança" dos votos da terceira via.
Como critério, a projeção desta reportagem considera que tanto Lula quanto o atual presidente manterão o mesmo número de votos no primeiro turno. Com base nisso, constata que os votos das grandes cidades não serão suficientes para a virada e o sucesso de Bolsonaro no Estado.
Mesmo que o candidato do PL tenha todos os votos nos dez maiores colégios eleitorais de Minas, ele precisaria conquistar a preferência de 419.441 eleitores de outros municípios. Isso significa que, caso a campanha bolsonarista ganhe nas dez cidades mais populosas em Minas, o que já ocorreu no primeiro turno, considerando a soma dos votos nos dez maiores colégios eleitorais, Bolsonaro precisa ainda ter mais 55% dos votos em outros municípios. (Veja na arte ao final deste texto)
Já a missão petista para repetir a vitória em Minas é, em tese, mais simples e, ao contrário de Bolsonaro, pode ser conquistada apenas com os votos das grandes cidades. De acordo com o levantamento, para vencer no Estado, Lula precisa atrair apenas 21,1% dos votos dos candidatos da terceira via em Minas Gerais para a sua campanha. Outra hipótese é que o ex-presidente tenha ao menos 58,8% dos votos dos demais candidatos nos dez maiores colégios eleitorais do Estado.
"Obviamente está mais difícil para o Bolsonaro, ele está atrás, ele precisa virar votos para ser eleito, e em uma eleição tão polarizada como está, em que os votos já estão definidos com tanta antecedência, é pouco provável que haja um contingente de pessoas que mudem o voto do Lula no primeiro turno, mas essa eleição tem todo um contexto além da política. Temos uma campanha com forte discurso e engajamento religioso. Podemos ter eleitores que são menos ligados à política que sejam influenciados por lideranças religiosas, por campanhas difamatórias e fake news", avalia o analista político Bruno Carazza.
Disputa em MG
Cientes da importância de Minas Gerais para o resultado nacional das eleições, Lula e Bolsonaro decidiram dar um foco importante às agendas de campanha no Estado. Enquanto o ex-presidente veio três vezes a Minas, desde o início do segundo turno, Bolsonaro veio quatro vezes ao Estado em menos de duas semanas. E a expectativa é que o presidente volte mais uma vez na última semana de campanha.
A prioridade em vencer em Minas não é por acaso. O clichê de que o Estado é uma síntese do Brasil nas eleições presidenciais mais uma vez se confirmou. No primeiro turno, Lula e Bolsonaro tiveram praticamente o mesmo resultado no Estado e no país. O atual presidente teve 43,6% dos votos em Minas e foi derrotado pelo petista, que obteve 48,29%. Em números absolutos, Lula teve 563 mil votos a mais.
"O presidente está construindo as agendas em Minas focando em locais com grande densidade demográfica e nos locais onde houve disparidade entre a votação do Zema e do Bolsonaro, porque acreditamos que o perfil do eleitor do governador é o mesmo do presidente, queremos conquistar essas pessoas", pontua o deputado estadual reeleito Bruno Engler (PL).